Ascensão do Designer nos primórdios da Revolução Industrial
Texto por escrito por Amanda Alves
Do fim do
período medieval para o início da organização industrial capitalista,
observa-se a separação entre design e processos de fabricação. O crescimento do
comércio e a evolução da especialização do trabalho aumentaram
significativamente, com grande predominância de técnicas tradicionais de
produção.
A expansão comercial colaborou para o aumento
da competitividade entre trabalhadores (artesãos, comerciantes etc.), e isso
fez com que a busca pela inovação e exclusividade aumentasse, para atrair mais
consumidores. A partir daí até a Revolução Industrial, nota-se a maior
interesse pelo Design na produção de artefatos, com ênfase na qualidade
artística e no refinamento do produto.
Nos séculos
XVII e XVIII, a maioria dos países da Europa criaram manufaturas financiadas e
controladas pela coroa. Temos como exemplos o reinado ‘Rei Sol’ da Europa
(século XVII), onde a magnificência da vida na corte colaborou para ascensão de
artistas e artesãos habilidosos. Eles produziam tecidos, móveis, trabalhavam
com metais finos etc., tudo isso para melhorar o estilo de vida da corte
francesa. Um fato interessante é em relação à Fábrica de Globelins, que atingiu
um volume de produção grandioso comparando-se com os outros empreendimentos da
época. Nela, a atuação do Pintor Charles Le Brun foi imprescindível, pois ele
separou plenamente o projeto e a execução da criação de um produto. “Le Brun exercia o papel de ‘inventeur’, ou
criador das formas a serem fabricadas. Ele concebia o projeto (l’idee) e gerava
um desenho, o qual servia de base para a produção de peças em diversos
materiais pelos mestres-artesãos em suas oficinas” (Cardoso, 2008, p. 29).
Outra
exemplificação trata-se dos gostos do chá, do café e do chocolate nas classes
médias, que aumentaram em meados do século XVIII. Isso fez com que os mercados
comerciais ampliassem a produção de produtos feitos com porcelana. Porém, à
medida que a expansão comercial progredia, a produção em larga escala também
aumentava. Como consequência desse acontecimento, a qualidade artística dos
produtos diminuiu consideravelmente.
A partir desse
período, tem-se os primórdios das organizações das indústrias, onde começaram a
acontecer diversas transformações nos meios de fabricação, dando início aos
primórdios da Revolução Industrial. É válido ressaltar que as modificações
industriais não dependeram apenas de novas maquinarias. Muitos das empresas,
por exemplo, precisaram dar maior atenção ao papel do design no processo
produtivo, entre elas a Josiah Wedgwood, a qual ficou conhecida
internacionalmente por sua produção de cerâmicas.
“Um dos aspectos mais interessantes da
transição da fabricação oficinal para a industria está no uso crescente de
projetos ou modelos como base para a produção em série” (Cardoso, 2008, p. 33).
Nessa perspectiva, a alteração na organização do trabalho, da distribuição e da
produção, ou seja, mudanças de ordem mais social do que tecnológica foram
imprescindíveis para a expansão da organização das industrias. Dessa forma, ao
invés dos empresários contratarem apenas artesãos para gerar os artefatos, eles
optaram por especializar as funções de cada funcionário: designers para
projeção de produtos; gerentes para fiscalizar a produção; e operários sem
qualificação para executar as etapas através das maquinarias. Os que mais
lucravam eram os designers, pois à medida que a produção se mecanizava em
alguns setores, aumentava-se, também, o valor monetário do projeto, e o design
passava a valer muito dinheiro.
Referências:
CARDOSO,
Rafael Uma Introdução à História do Design. São Paulo: Ed. Blucher, 2008, 3.a
ed. P. 26 a 43 e 76 a 85
HESKETT, John.
Desenho Industrial. Brasília: José Olympio, 1998. P. 10 a 26.
Texto desenvolvido por Amanda Alves da Silva sob a orientação do Prof.
Dr. Rodrigo Boufleur, para a disciplina Introdução ao Estudo do Design. O texto
colabora com o projeto de extensão “Blog Estudos sobre Design”
(http://estudossobredesign.blogspot.com) - Universidade Federal do Rio Grande
do Norte - Departamento de Artes - Bacharelado em Design - Novembro de 2018.