CHRISTOPHER DRESSER E O SEU PIONEIRISMO
Christopher
Dresser é, inegavelmente, uma figura amplamente conhecida na área do design, é
conhecido como “primeiro designer industrial”, foi o percursor de novas formas
de pensar esteticamente, unindo esse pensamento à produção industrial. Ele
trabalhou produzindo todo tipo de artefato e em várias empresas como freelance,
até hoje há trabalhos dele espalhados pelo mundo sem um registro apropriado,
alguns podem até não serem atribuídos a ele. Influenciou e foi influenciado por
vários movimentos artísticos da sua época e posteriores a ela, tirou seu estilo
artístico das formas naturais e pela influência da botânica, foi um apaixonado
pela arte japonesa, tendo produzido coleções com esse tema.
Nascido
de uma família Yorkshire no dia 4 de julho de 1834 em Glasgow, Escócia,
Christopher Dresser, com 13 anos começou a frequentar a Government School of
Design, em Somerset House, Londres. Ele aprendeu design e acabou escolhendo
botânica como sua especialização, lecionou na nova matéria de Arte Botânica
para completar seus estudos antes de sua nomeação em 1855 como Professor de
Botânica Artística no Department of Science and Art, South Kensington. Ele
escreveu vários artigos que foram publicados no Art Journal em 1857, "Botany
as Adapted to the Arts and Art Manufactures" foi um deles.
Em
1850, Dresser conseguiu seu doutorado na Universidade de Jena, na Alemanha,
onde o famoso botânico, Matthias Schleiden, era professor. Nesse tempo,
Christopher Dresser publicou dois livros: Rudiments of Botany (1859) e Unity in
Variety (1859) e um pequeno artigo sobre estruturas das plantas, o
Contributions to Organographic Botany. No ano de 1860, foi eleito membro da
Sociedade Botânica de Edimburgo, e um ano mais tarde, membro da Linnean
Society. Ele foi profundamente influenciado pelo arquiteto e designer Augustus
Welby Northmore Pugin, assim como o ornamentalista Owen Jones.
“A partir de 1860, depois de receber
propostas de diversas manufaturas, Dresser abandonou a botânica para se concentrar
no design e até a morte em 1904, dedicou-se completamente a esse trabalho tanto
em duas como em três dimensões.” (Heskett, 1998, pg. 25)
A
partir desse período, seu trabalho como designer começou a ter maior variedade,
começou a incluir tapetes, cerâmica, mobiliário, vidro, artes gráficas,
trabalhos em metal, incluindo prata e galvanoplastia, e têxteis impressos e
tecidos. Participou da International Exhibition London em 1862. Mais tarde, em
1865, o Building News afirmou que Dresser havia atuado como designer de papeis
de parede, tecidos e carpetes, também afirmou que ele foi o designer
revolucionário mais ativo na arte decorativa da época.
Ele
escreveu vários livros sobre design e ornamento, como, por exemplo, The Art of
Decorative Design (1862), The Development of Ornamental Art in the
International Exhibition (1862), e Principles of Design (1873). Em 1899, a
revista Studio afirmou que do membro mais simples até o mais importante da Arts
and Crafts Association, nenhum deles discordaria de sequer uma palavra do livro
Principles of Design de Dresser. Como consequência, Dresser estabeleceu a
agenda adotada pelo movimento Arts and Crafts posteriormente.
Em
1873, ele foi solicitado pelo governo americano para escrever um relatório
sobre o projeto de bens domésticos. A caminho do Japão, em 1876, fez uma série
de três palestras no Philadelphia Museum and School of Industrial Art e
supervisionou a fabricação de papéis de parede para seu projeto para Wilson
Fennimore. Ele foi comissionado pelo Messrs Tiffany of New York para no Japão
formar uma coleção de objetos de arte antigos e novos que deveriam ilustrar as
manufaturas da terra do sol nascente.
Em
quatro meses, Dresser viajou mais de 3200 quilômetros no Japão, registrando
suas impressões do país, sua arquitetura, arte e manufatura de arte. Ele
representou o Museu de South Kensington, enquanto no Japão, e foi recebido na
corte pelo Imperador, que ordenou que Dresser fosse tratado como convidado da
nação, todas as portas estavam abertas para ele. Ele foi solicitado pelo
governo japonês para escrever um relatório sobre "Comércio com a
Europa". Seu estudo pioneiro da arte japonesa é evidente em grande parte
de seu trabalho que é considerado típico do estilo anglo-japonês, ele desenvolveu
grande amor pela arte e cultura japonesa. De 1879 a 1882, a Dresser esteve em
parceria com Charles Holme formando a Dresser & Holme, importadores
atacadistas de produtos orientais.
Entre
1879 e 1882, como Superintendente de Arte na Linthorpe Art Potteryem Linthorpe,
no Middlesbrough, ele projetou mais de mil vasos. Se seu trabalho em cerâmica a
partir de 1860 (para empresas como Mintons, Wedgwood, Royal Worcester, Watcombe,
Linthorpe, Old Hall em Hanley e Ault) for considerado, ele deve estar entre os
designers de cerâmica mais influentes de qualquer período. Muitos de seus
outros trabalhos ainda precisam ser identificados, embora desenhos de papel de
parede para a American e têxteis para fabricantes franceses e alemães tenham
sido recentemente localizados. Uma coleção de tamanho significativo de Dresser
é guardada pelo Dorman Museum, em Middlesbrough.
Alguns
dos desenhos em metal da Dresser ainda estão em produção, como seus conjuntos
para óleo e vinagre e designs de porta-torradas, agora fabricados pela Alessi. Christopher
Dresser morreu no dia 24 de novembro do ano de 1904, em Mulhouse, na França,
vítima de um ataque cardíaco.
Como
um artista inovador que foi, o seu legado para o design é imensurável. Ele
tentava maximizar todos os quesitos das peças criadas, pensando em todas as
etapas, na matéria prima, na facilidade de fabricação com aquela matéria prima
e no uso, tudo isso mantendo um belo apelo estético e com muita originalidade
entre seus artefatos.
“As elegantes formas geométricas pouco
deviam a precedentes históricos e eram caracterizadas por uma simplicidade
baseada na análise meticulosa da função com muito cuidado para a facilidade de
fabricação e de uso. Seus designs tiravam sua qualidade estética de um
aperfeiçoamento dos materiais utilizados e não de referências estilísticas, sua
originalidade estava na variedade e inventiva constantes, jamais caindo num
padrão repetitivo.” (Heskett, 1998, pg. 25)
Inspirado pelas ideias de Owen Jones,
Dresser se afeiçoava às ideias do livro The Grammar of Ornament (1856) de
Jones. Ele falava sobre os estudos das formas naturais e estilos passados,
conciliando de forma inteligente as formas com as funções, adaptando as formas
do passado com as necessidades do cotidiano. Assim, Dresser implementava formas
da natureza, isso é formas geométricas às suas criações, tendo em mente o seu
uso e a sua facilidade de fabricação. Essa conciliação e genialidade o garantiu
o título de primeiro designer industrial.
“Dresser iria mais longe que o seu
mentor, a análise que fez da geometria e dos princípios estruturais de formas
naturais levariam a uma rejeição da representação e das soluções estilísticas”
(Heskett, 1998, pg. 25)
Christopher
Dresser é um visionário tanto no âmbito do design quanto no âmbito industrial,
as formas que usava era de grande facilidade de fabricação na indústria, isso
em plena revolução industrial. Ele pensava nas habilidades e técnicas dos
metalúrgicos das empresas para as quais desenhava e achava uma forma de renovar
seus valores e técnicas tradicionais para utilizá-las deforma artística em suas
peças. Tudo isso reduzindo custos e desperdícios de materiais, tornando os seus
produtos acessíveis e apelativos para todas as classes.
“Sua percepção do contexto comercial em
que sua obra era produzida ficava clara na tensão que ele colocava na economia
de materiais para reduzir custos de forma que, como ele afirmava, os produtos
não ficassem ‘fora do alcance daqueles que poderiam desfrutar deles’.”
(Heskett, 1998, pg. 26)
“Seu reconhecimento das novas
circunstâncias e oportunidades fornecidas pela industrialização fundamentado
num forte entusiasmo pela época em que vivia e uma crença no seu potencial,
representou um ponto de partida embrionário e positivo para a evolução futura.”
(Heskett, 1998, pg. 26)
Apesar
de tudo, ele teve influência e foi influenciado pelos movimentos anti-industriais,
esteticistas e de Arts and Crafts, pois conciliava o valor estético da peça com
a produção industrial, produzindo uma peça artística e também apropriada e
otimizada para a produção em fábricas. Apesar de que a relação entre ele e
esses movimentos nem sempre foram positivas.
Referências:
HESKETT, J. Desenho industrial. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1998, P. 25.
OSHINSKY, Sara J. “Christopher Dresser
(1834–1904).” In Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan
Museum of Art, 2000–. http://www.metmuseum.org/toah/hd/cdrs/hd_cdrs.htm (Outubro,
2006)
Texto desenvolvido por Lucas Almeida sob
a orientação do Prof. Dr. Rodrigo Boufleur, para a disciplina Introdução ao
Estudo do Design. O texto colabora com o projeto de extensão “Blog Estudos
sobre Design” (http://estudossobredesign.blogspot.com) - Universidade Federal
do Rio Grande do Norte - Departamento de Artes - Bacharelado em Design
-Novembro de 2018.